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Ao final de cada texto, deixo algumas recomendações de livros, artigos ou documentários onde, através dos links, você pode acessar para aprofundar os temas. 

Boa leitura. 

A terapia é para CURAR tudo?

  • Foto do escritor: Giovanna Mayoral
    Giovanna Mayoral
  • 16 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

Na psicologia, evitamos o termo "curar" por várias razões, principalmente porque implica a ideia de que existe uma solução definitiva de um problema de saúde mental, o que nem sempre reflete a realidade dos processos psicológicos. Diferentes de condições muitas físicas, as questões psicológicas são complexas e frequentemente envolvem fatores emocionais, comportamentais, sociais e biológicos.

Aqui alguns motivos pelos quais "curar" não é um termo tão adequado assim:


1. A Saúde Mental é um Processo Contínuo

A saúde mental não é estática, ela pode variar ao longo da vida, dependendo das experiências, contextos e fases em que a pessoa está vivendo. Ao invés de “curar” uma condição, o foco da psicoterapia é fornecer ao paciente ferramentas para lidar com os desafios ao longo do tempo, ajudando-o a desenvolver resiliência, autoconhecimento e habilidades emocionais.

2. Cada Indivíduo é Único

Na psicologia, não existe uma solução única para todos. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra. O uso do termo "curar" sugeriria que existe uma solução universal para um problema específico, ou que não se condiz com a natureza personalizada e em constante evolução das experiências humanas. Isso significa que o tratamento psicológico é adaptado às necessidades e ao contexto de cada pessoa, levando em consideração sua história de vida, suas emoções e suas particularidades, sem a expectativa de uma solução definitiva ou padronizada.

3. Transtornos Mentais Podem Ser Crônicos

Alguns transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar ou esquizofrenia, são condições crônicas que podem necessitar de manejo ao longo da vida. A ideia de “cura” sugere que esses problemas podem desaparecer permanentemente, ou que não é realista para muitas dessas condições. O objetivo é controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, não necessariamente erradicá-los.

4. Foco no Desenvolvimento e Não Apenas na Eliminação de Sintomas

A psicologia não trabalha apenas para eliminar sintomas, mas para promover o bem-estar geral, a resiliência e o crescimento pessoal. Muitas vezes, os problemas que levam alguém à terapia envolvem padrões de pensamento, emoções e comportamentos que podem ser modificados ou melhorados, mas não "curados". O desenvolvimento de habilidades emocionais e de enfrentamento é uma jornada contínua.

5. Estigmas e Expectativas Irrealistas

O termo “cura” pode criar uma expectativa de que, ao final do tratamento, uma pessoa nunca terá mais dificuldades emocionais ou psicológicas. Isso pode aumentar a pressão sobre o paciente e contribuir para frustrações quando os desafios surgirem novamente. Ao invés disso, o foco é ajudar a pessoa a lidar melhor com esses desafios quando eles ocorrerem.

6. Processo de Co-construção

A psicoterapia é um processo colaborativo em que o paciente participa ativamente. Ao invés de "curar" algo em uma pessoa, o trabalho envolve ajudar o paciente a desenvolver a capacidade de lidar com suas dificuldades, muitas vezes descobrindo novas maneiras de se relacionar consigo mesmo e com o mundo.


Assim, em vez de “curar”, a psicologia utiliza termos como “tratamento”, “melhora”, “gestão”, “transformação” e “crescimento”, refletindo um foco mais realista e humanizado no cuidado com a saúde mental.




Indicação de leitura:


Cartas a um jovem terapeuta: Reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos

Contardo Calligaris

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"A psicologia não tem uma noção preestabelecida de normalidade.

Nosso ideal de normalidade é o estado em que um sujeito se permite realizar suas próprias potencialidades.

"Curar" para a psicologia não significa restabelecer a normalidade funcional ou, então, levar o sujeito de volta a seu estado anterior à doença. Uma psicoterapia é uma experiência que transforma;

Pode-se sair dela sem o sofrimento do qual se queixava inicialmente, mas ao custo de uma mudança.

Na saída, não somos os mesmos sem dor, somos outros, diferentes."

- trecho do livro

 
 
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